sábado, 24 de março de 2012

Chapéu vermelho

Quem se esconde, quem busca as sombras como proteção para os próprios desejos, prefere o cinza, tons de azul. Tudo muito sóbrio. Como se a roupa fosse algo separado do ser. Como se a roupa anulasse o fogo.
Não, não estou falando que, se você adora azul, você é frio, tem segredos sórdidos. Estou analisando Brandon, personagem de Fassbender, em Shame.


Expor algo tão "quatro paredes" como sexo é levantar polêmica. Mas eu não estou aqui para analisar o filme.Excelente! Quero falar da cor. De um chapéu vermelho. Do red hat iluminando a cena, numa estação de metrô em Nova York.


Um homem em crise , Brandon, vive tudo em tons cinzas.  A casa, a roupa, o escritório. Nada parece de verdade. O sexo é rápido, a todo instante. Sempre escondido. Sem envolvimento. Sexo é necessidade. E não é pouca. Tudo cinza, jogado pra debaixo da cama,  até a chegada da irmã Sissy, personagem de Carey Mulligan.

A irmã extrovertida e confusa vive os desejos abertamente - tanto que transa com o chefe do irmão, com Brandon em casa . Sissy segura as cores. Ela é intensa e não esconde. Ela é a cor do filme, o meio para Brandon enxergar a si mesmo. A cena no metrô onde aparece com um leopard coat e um chapéu vermelho vintage é incrível. Brandon arrisca pôr o chapéu. E sobre ele cai o feitiço "chegou a hora de se descobrir". E o encontro é assustador.

Viagens à parte, a humanidade sempre buscou algo para proteger a cabeça. Muito lá atrás, há séculos, não havia chapéu propriamente dito. Nossos antepassados, no entanto, inventavam formas de escapar de pedras, galhos de árvore, tiros. Qualquer objeto ameaçador para suas cabeças. Com o tempo o chapéu virou símbolo de status e autoridade. E , apesar de nós brasileiras pouco usarmos, o chapéu é um dos acessórios mais charmosos. Ninguém passa despercebido usando um.
Muito menos um chapéu vermelho.

Quem sabe você se inspira e entra para a sociedade das mulheres de chapéu vermelho. Dê uma olhada.



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