domingo, 22 de abril de 2012

Marinheiro primavera

Você, por acaso, tem uma blusa de listras no armário ? Todo mundo deveria ter. Elas estão na moda há pelo menos 100 anos. Você ainda não comprou uma? Tá na hora! Porque as Breton Stripes são uma das tendências de moda na primavera do hemistério Norte. E devem chegar pra gente em alguns meses. Você não sabe o que é uma Breton Stripe?

Então repare nas fotos:

Jean Paul Gaultier

Andy Warhol

James Dean

Briggite Bardot
O que Jean Paul, Bardot, James Dean e Wahrol têm em comum? Uma blusa listrada ou uma Breton Stripe. Elas vão e voltam às passarelas e nunca saem de moda. Um ícone de moda francês. Lançado ao mundo fashion por Coco Chanel, em 1917.



Quando usadas com calças de cintura alta e pernas largas você volta direto para a década de 30. Nada mais atual.



Mas e aí? Foi a Chanel quem desenhou as tão famosas listras?
Não. As listras eram o uniforme dos marinherios franceses e inpiraram Chanel numa viagem. O governo francês , em 1858, adotou as Breton Stripes como uniforme dos homens do mar. Assim, aquele que caísse na água seria facilmente localizado.


No cinema, o primeiro a usar uma Breton Stripe foi Lee Marvin, em O Selvagem (The Wild Onde 1953 - com Marlon Brando)




Você também pode usar uma Breton Stripe? Sim. Além de eternas, elas dão um ar francês ao look.


Agora, há um perigo nas listras horizontais, você sabe. Elas chamam atenção e dão volume (principalmente as listras muito grossas). Então, se você tem muito seio e pouco quadril, ou se tem muita barriga , ou o tronco curto demais fique atenta às proporções. Porque do estilo francês chique você pode despencar 1000 pontos no visual.

******* Mas nem tudo está perdido. Encontrei um estudo falando que as listras horizontais podem não ser assim tão perigosas. Aí é testar na frente do espelho, sempre se olhando de frente e de trás, please. Uma dica da pesquisa YouBeauty Attraction Expert (Viren Swami, Ph.D.) é você usar listras proporcionais ao seu tamanho. Se você é grande, listras grandes. Tipo mignon, listras finas. E evite usar as listras como um look único. E sim , por baixo de casacos. Look único Stripe Breton é para corpos simetricamente perfeitos. Peitos e quadris, tudo do mesmo tamanho.

Go on Stripes and have fun!
Tente misturar estampas e stripes, arrisque!





sábado, 24 de março de 2012

Chapéu vermelho

Quem se esconde, quem busca as sombras como proteção para os próprios desejos, prefere o cinza, tons de azul. Tudo muito sóbrio. Como se a roupa fosse algo separado do ser. Como se a roupa anulasse o fogo.
Não, não estou falando que, se você adora azul, você é frio, tem segredos sórdidos. Estou analisando Brandon, personagem de Fassbender, em Shame.


Expor algo tão "quatro paredes" como sexo é levantar polêmica. Mas eu não estou aqui para analisar o filme.Excelente! Quero falar da cor. De um chapéu vermelho. Do red hat iluminando a cena, numa estação de metrô em Nova York.


Um homem em crise , Brandon, vive tudo em tons cinzas.  A casa, a roupa, o escritório. Nada parece de verdade. O sexo é rápido, a todo instante. Sempre escondido. Sem envolvimento. Sexo é necessidade. E não é pouca. Tudo cinza, jogado pra debaixo da cama,  até a chegada da irmã Sissy, personagem de Carey Mulligan.

A irmã extrovertida e confusa vive os desejos abertamente - tanto que transa com o chefe do irmão, com Brandon em casa . Sissy segura as cores. Ela é intensa e não esconde. Ela é a cor do filme, o meio para Brandon enxergar a si mesmo. A cena no metrô onde aparece com um leopard coat e um chapéu vermelho vintage é incrível. Brandon arrisca pôr o chapéu. E sobre ele cai o feitiço "chegou a hora de se descobrir". E o encontro é assustador.

Viagens à parte, a humanidade sempre buscou algo para proteger a cabeça. Muito lá atrás, há séculos, não havia chapéu propriamente dito. Nossos antepassados, no entanto, inventavam formas de escapar de pedras, galhos de árvore, tiros. Qualquer objeto ameaçador para suas cabeças. Com o tempo o chapéu virou símbolo de status e autoridade. E , apesar de nós brasileiras pouco usarmos, o chapéu é um dos acessórios mais charmosos. Ninguém passa despercebido usando um.
Muito menos um chapéu vermelho.

Quem sabe você se inspira e entra para a sociedade das mulheres de chapéu vermelho. Dê uma olhada.



domingo, 18 de março de 2012

Loafer. Você vai querer um.

Como é delicioso acordar em clima de outono. O sol ameno, um ar fresco invadindo o quarto (pelo menos em SP). Dá até para puxar a coberta. O que isso tem a ver com moda? Muda a estação e queremos novidades. Na verdade, ela nem precisa mudar, certo? O que usar de quentinho nos próximos meses? Nos pés, uma aposta. Você vai querer um loafer (atenção também às botas de salto anabela, estão em todo canto)

Um o quê? Loafer é aquele sapato unissex, usado à exaustão no Brasil nos anos 90. Você se lembra da última vez que usou mocassins? Que tal agora? Desde as últimas estações,  ele tenta a volta aos pés das brasileiras. E o outono é mais uma oportunidade.


 


No Brasil , como no site da Arezzo, você encontra loafer com outro nome slippers ou mocassins mesmo. Se você optar por um loafer com glitter - super tendência - que tal complementar o look com aquelas meias brancas, estilo Michael Jackson. (Tô brincando!)



Ele adorava um loafer com meia branca. (Entende por que eu não vou comprar um?) . Tenho trauma.




Na verdade, há uma diferença entre o loafer do Michael e o que está super em alta agora. Ele adorava os penny loafers. Qual a diferença?


Este é um penny loafer do Michael leiloado por 66 mil dólares

Primeiro vou falar de como surgiu o loafer . Ele era o sapato usado por fazendeiros noruegueses. E foi a Noruega, nos 30, que primeiro produziu loafers e exportou pela Europa. Americanos adoraram o conforto e começaram a produção local. Depois de décadas, o sapato virou um dos símbolos de moda USA. 



E os penny loafers? Em 1934, um fabricante de botas, John Bass, fez o primeiro, chamado de Weejuns (Norwegian é norueguês em inglês e weejun é uma abreviação). Ele tem uma tira na parte de cima onde, nos anos 40 e 50, colocava-se uma moeda, a penny . Era como um bolso do sapato. A modeinha ficava ali para emergências. Faltava penny para uma ligação? Não mais. A moedinha estava no sapato. Daí o nome penny loafer.

Para este outono, há loafers variados . E quem disse que náo há espaço para o penny? Este é do americano Esquivel. Tudo fieto a mão.

Escolha o seu loafer e bom outono.





domingo, 26 de fevereiro de 2012

Louis XIV - a primeira Imelda Marcos

Houve uma época em que os sapatos masculinos eram mais enfeitados do que os femininos.A afirmação é verdadeira ou falsa? Você consegue conceber algum período da história em que os homens se preocupavam mais com sapatos do que nós, mulheres? Difícil de acreditar mas é a mais pura verdade.

Louis XIV

Quando foi isso?
Voltemos ao século XVII, ao reinado iluminado e esbanjador de Louis XIV, o rei Sol - um dos primeiros metrossexuais da história.

O caso envolve pernas e sapatos. Enquanto as mulheres mantinham canelas, joelhos escondidos sob pesadas saias, os homens, seguindo seu rei, desfilavam as pernocas pela França. Louis XIV - o Loulou - achava suas pernas encantadoras demais para deixá-las escondidas.




gibão
Por isso,  a tendência na época eram gibões e coletes curtos o suficiente para exibir as pernas masculinas. (Pra ficar claro. O conceito de moda, de tendência, ainda não existia)

Loulou reinou durante 72 anos na França (1643 - 1715). E , confesso, virou meu ídolo. Graças às extravagâncias de Loulou, descobrimos os prazeres à mesa; a arte de receber bem os convidados; adotamos o champanhe como bebida sofisticada - até 1669 ele nem existia; passamos a ter sala de jantar - até então as refeições eram feitas nos quartos; e descobrimos o sabor de beber uma boa xícara de café (caríssimo na época).


A lista do viver bem de Louis XIV atravessou os séculos e é infinita. Loulou é o rei dos diamantes. Antes dele, as pérolas eram únicas nos colares e enfeites. É também o rei dos espelhos. O primeiro a usar um truque de designers até hoje. Coloque um espelho na sala e veja como o espaço se amplia. Sem falar nos investimentos em iluminação pública, que fizeram de Paris a cidade luz. Loulou é um ícone de estilo.


Bom, falei de tudo, mas não falei da Imelda Marcos. Sim. Loulou foi a primeira Imelda.


Um enlouquecido por botas e saltos. Em sua homenagem temos o salto Louis XIV, graciosamente curvo.


Historiadores dizem que a fixação de Loulou pelos saltos se explica por ser um rei baixinho - 1,65 metro. Sendo essa também a altura média dos franceses no século XVII. Outros historiadores, ao contrário, afirmam que Loulou tinha 1,80 metro. E se a figura era por si só imponente, destacava-se ainda mais com os saltos altíssimos.

Hyacinthe Rigaud, Portrait of Louis XIV, 1701, oil on canvas.  Musée du Louvre, Paris 
Se Louboutin é conhecido em todo o mundo pelo solado vermelho de seus calçados, Louis XIV lançou a moda dos saltos vermelhos para os sapatos masculinos.

Hyacinthe Rigaud, Portrait of Louis XIV, 1701, oil on canvas.  Musée du Louvre, Paris 
Na França esse tipo de salto significava nobreza. Homens de classes mais baixas eram chamados de pied plat, ou pé chato, porque usavam sapatos sem salto.

O mais impressionante disso tudo é que, com o aumento da procura pelos sapatos de salto, os sapateiros enlouqueceram. Fazer vários moldes para cada sapato ficava caro demais. E eles tomaram uma decisão drástica. Privilegiaram os saltos e adotaram um molde único para os dois pés. Não importava se direito ou esquerdo, o sapato era o mesmo no século XVII. Dá pra acreditar? E você reclama do desconforto do seu sapato? Bem, os calçados só voltaram a ser produzidos com fôrmas diferentes para cada pé em 1822.

Pra você entender a importância dos sapatos para Louis XIV vale ressaltar que Cinderela também foi uma criação de seu reinado.



Há história de maior adoração a um calçado? No caso, uma mule. Objeto de fetiche surgido também no século XVII.


A era Versalhes marca o início da obsessão por sapatos. E ninguém pode dizer que nós mulheres somos as primeiras grandes consumistas. Louis XIV batia qualquer uma.

No livro A essência do estilo a historiadora Joan Dejean escreve " O Rei Sol tornou-se um modelo tanto para fashionistas quanto para os fetichistas. Por um lado, ele foi e ainda é considerado o monarca que usou os melhores saltos". Obrigada, Louis XIV.

Anos depois, veio a Revolução Francesa. Ela cortou cabeças e também os saltos - caíram junto com a monarquia. Exatamente por ser símbolo de diferenção social, o salto alto perdeu a vez nas ruas de Paris. O homem moderno caminhava sem distinção de classe e de pés no chão. Mas essa é uma outra história.

Pra você entrar no clima da época, um passeio por Versailhes, please. A exposição é O Homem e o ReiVisite a parte portrait of Louis XIV. O rei, já envelhecido - o que deveria ser uma tragédia para o primeiro metrosexual da história.